O Padre responde - Mons. Raimundo Possidônio: Presença na família, gestos de amor

Jornal Voz de Nazaré - Edição de 15 a 21 de julho de 2011


Padre, eu tenho 14 anos e participo do grupo de Crisma da minha paróquia e vou todo domingo às missas. Gosto de ir à igreja. Mas uma situação tem me deixado muito triste. Meus pais também participam das atividades da igreja, todo dia eles têm reunião de pastoral, de segunda a segunda. Muitas vezes eu fico o dia inteiro sozinha em casa. Eles não acompanham mais meus estudos com frequência, deixamos de passear e até almoçar e jantar juntos, porque eles sempre estão na igreja. Isso tem me deixado deprimida, porque vejo que ocupam o tempo deles mais com a igreja do que comigo. Eu já conversei, pedi mais atenção, eles falaram que as coisas iam mudar mas até agora nada. Eles são pessoas ótimas, bondosas, fazem as coisas para a Igreja de coração e são tudo na minha vida porque eu os amo. Será que eu estou errada? Será que Deus quer mesmo que eles estejam sempre na Igreja e que eu não devo cobrar a presença deles? Já me falaram até que eu estou sendo egoísta. O que senhor tem a dizer? (G.A., por e-mail)

Caríssima G.A., creio caber aqui o que chamamos de equilíbrio diante das coisas e um pouco de discernimento. Por um lado é admirável o que seus pais fazem. A Igreja precisa de pessoas que se dediquem aos trabalhos, à missão. É possível que seus pais sintam que são chamados para ajudar e por isso estão na Igreja todos os dias. Talvez haja necessidade de pessoas disponíveis para a missão naquela paróquia.

Mas a Igreja não quer absolutamente que isso prejudique a relação entre as pessoas, especialmente na família. A família em si já é uma grande missão, e que bela missão! É preciso cuidar da pequena Igreja Doméstica. Os pais precisam de um tempo para estar junto com os familiares, rezar juntos. Como você diz já ter conversado com eles, quem sabe conversando com o seu pároco junto com seus pais para aliviar a carga de trabalho deles a fim de que eles fiquem mais perto de você? Tente mais uma vez; você pode ajudar seus pais apoiando-os e eles com certeza sentirão muita alegria de ficar perto de sua filha querida.



Prezado monsenhor Cid, na hora da Profissão de Fé algumas pessoas levantam a mão direita e outros não. Eu levanto a minha mão direita. Eu estou certo ou errado? (Paulo Cruz, Paróquia da Santa Cruz)

Prezado Paulo Cruz, a celebração eucarística tem suas orientações próprias para cada momento. É o que chamamos de rito; para cada ato se pensa uma gestualiade: andar, estar sentado, ajoelhados, em pé... Pelo que consta nas instruções do Missal (livro utilizado pelo padre na hora ada missa) no momento da profissão de fé não há gesto prescrito pelo ritual. Talvez um padre tenha inventado isso, logo as pessoas acham que deve ser assim. Lembro que na Missa com Crianças se faz muitos gestos para chamar a atenção da criança, sintonizá-la com o que está sendo celebrado. Portanto, nem mão direita nem esquerda. Aliás, Paulo, você falou muito bem quando disse "na hora da profissão de fé", e não disse na hora de rezar o Credo ou rezar a profissão de fé. O Credo não é propriamente uma oração, mas uma confissão da fé da Igreja e de cada cristão. Professamos, confessamos nossa fé. O credo contém os artigos essenciais da fé, no que devemos crer e nada mais. Qualquer acréscimo ou substituição, por mais significativo que seja, desvia o crente da sua relação com Deus. Por isso quando você diz ter fé em alguma coisa (ou alguém) basta recorrer à letra do Credo para ver se está lá. É algo objetivo, puro, pronto, acabado que a Igreja ao longo do tempo foi concebendo e proclamando como verdade de fé.




Envie sua pergunta ao monsenhor Raimundo Possidônio para voz@fundacaonazare.com.br ou para a Fundação Nazaré de Comunicação, na av. Gov. José Malcher, 915, ed. Paulo VI, bairro Nazaré, CEP 66055-260.

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