O Padre responde - Mons. Raimundo Possidônio: Felicidade eterna é uma escolha

Jornal Voz de Nazaré - Edição de 05 a 11 de agosto de 2011.


Boa noite, Monsenhor Raimundo Possidonio.Tanto a Bíblia quanto o nosso catecismo afirmam que após a morte, segue-se o juízo. Sendo assim, se a alma ja foi julgada por Jesus, podendo ir para o céu, inferno ou purgatório, como entender a eficácia das Santas Missas, terços, sufrágios, etc, em favor das almas, boas ou más, se elas já foram julgadas? O tempo da salvaçao é nesta vida apenas? Por favor, esclareça-me. Paz e bem!

Francisco, você tem razão em tudo o que você diz, mas tudo isso tem uma explicação, embora não seja tão simples tratar disso num espaço breve. Toda pessoa, logo depois da morte, será julgada por Deus, em um juízo particular, cuja sentença é irrevogável. Em Hb 9,27 está dito: "Está determinado que os homens morram uma só vez e que à morte se siga o juízo". Daí, segue-se o paraíso, ou vida eterna, no qual os justos participam eternamemnte da bem-avenurança eterna. Jo 17,3: "A vida eterna consiste nisso: que te conheçam, ó verdadeiro Deus e ao teu enviado, Jesus, o Messias". Ou o inferno: um estado de pena em que os maus - os que cometeram pecado mortal e morreram sem contrição - longe de Deus, recebem sua sanção eterna. Porém, cremos que existe o purgatório, isto é, um estado de purificação moral, em que as almas não ainda completamente puras são purificadas mediante penas,tornando-se dignas do céu. Em 2Macabeus 12, 43-44 e 46 encontramos a possibilidade de oferecer sufrágios para que as almas sejam libertadas de seus pecados como uma intercessão. Existe, portanto, uma razão teológica para acreditar que nada de impuro pode entrar no paraíso, por outro lado, não é conforme à justiça e à santidade de Deus, punir culpas leves com as penas eternas do inferno. Por isso admite-se um estado intermediário em que se realiza a purificação, preparando a caminhada para o céu. Isto nos impele a rezar pela salvação dos que aguardam esse momento. Os sufrágios tem esses fins: a purificação da culpa e da pena, a "pronta ressurreição" e a proteção contra Satã e os demônios.

O que devemos acreditar firmemente é que a partir para muitos de nossos irmãos e irmãs e quem sabe até mesmo para nós futuramente, brilhe o sol da bondade e da misericórdia de Deus acima de tudo.

Tudo isso, Francisco, nos leva a uma consciência cada vez maior de colocar nossa vida de acordo com a vontade de Deus. Isso significa dizer que somos os agentes de nosso destino com o auxílio da graça divina ou longe dela. Nossa felicidade ou infelicidade eterna dependem de nossas escolhas antes de partir. O céu e o inferno são conquistas nossas. Deus nos oferece a vida eterna e a felicidade eterna junto dele. Depende de nós. De nossas buscas, nossas escolhas, nossa vontade. Somente uma vida voltada para o bem, para o amor, para a justiça com o auxílio da graça e do espírito de Deus é que poderemos suplantar todas as vicissitudes e alcançar a graça e a bem-aventurança definitivas.

Comentários